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sábado, 26 de maio de 2012

O começo

Fico feliz por ter sido convidado pelo casal dono do espaço para participar dessa empreitada a qual eles apenas começaram. Pediram-me para escrever alguma coisa sobre relacionamentos. Confesso que poderia falar um pouco sobre o assunto com o mínimo de conhecimento de causa. No entanto, em vez de uma espécie de Guia de Relacionamentos, ou um Top de qualquer coisa ligada ao tema, optei pelo gênero crônica. O texto abaixo ilustra o início de um relacionamento. E, neste caso, muito me apraz compartilhar um daqueles que desenha um dos momentos mais felizes da minha vida. 

À medida que a conhecia, percebia como seu sorriso ficava mais bonito. Suas roupas se encaixavam, sempre, de forma a deixá-la mais bela. As poucas palavras que trocavam, faziam-no ganhar o dia. Seu olhar, então... Esse era impecavelmente minucioso ao encará-lo, cada vez que ele tentava, timidamente, conquistá-la. Era um jogo gostoso de jogar. Ele, no seu mundinho reservado, a admirá-la. Ela, em sua tamanha magnitude, observando-o, sempre, com desmedidos e implacáveis olhares.

Fazia questão de vê-la sempre todos os dias, mesmo que apenas por instantes e com objeções de outrem. Valia a pena cada esforço. Estar ao lado dela remetia a um paradoxo com a mais perfeita e lógica explicação. Era prazeroso senti-la por perto, mesmo que, assim, tão distante. É difícil explicar. Com o tempo, ele perceberia que essa dúvida seria sanada ao final de um encontro, mas refeita no início de outro.

Naquele dia, não estava nos planos ficarem sozinhos. Todos se afastaram sem que eles percebessem. Era como se o mundo tivesse parado. As pessoas continuavam a se movimentar, mas não existia nada que pudesse tirar a alegria de tal momento. Com a cabeça encostada no ombro dela, ele balbuciava coisas desimportantes em seu ouvido. Segurava sua mão com uma desconfiada segurança. Isso lhe dava coragem para seguir em frente. Prendia sua mão suavemente, assegurando-se que não escaparia dali antes da hora certa. Tateava a mão dela de maneira a conhecer cada centímetro daquele espaço. As palavras entremeavam o ambiente. Era hora de determinar o que seria dali para frente.

Ainda com as mãos entrelaçadas ele retira sua cabeça do ombro alheio. Seus olhos se encararam como nunca antes haviam feito. Ela passou, de repente, a ter um olhar tímido, perdido. Ele se sentia mais confiante, agora. Segurava a sua mão com mais força. Aquele olhar já não estava mais perdido, tinha endereço certo. Um endereço a figurar no mais belo semblante que nunca mais seria visto.


O mundo continuava parado e suas mãos continuavam segurando uma a outra. Ele estava apaixonado, já não havia mais dúvida.


 Nome: Juscelino Ramos da Silva Filho ou apenas Juss
 Twitter: @juss422

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