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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Metonímia

Ela acha que dizer “eu te amo” é muito fácil, todo mundo pode fazer. Não dá trabalho nenhum, não requer conhecimento prévio ou credencial e não existe método que comprove veracidade. Por isso, ela sempre disse que nunca fez questão de ouvir “eu te amo”, ela queria que declarassem amor ao modo como andava, como mexia no cabelo, como fazia coisas que ninguém mais no mundo fazia, só ela. Que notassem as manias que nem ela notava. 

Metonímia é a figura de linguagem mais bonita, bem mais que a metáfora, tão queridinha e conhecida por todos. Metáfora compara, faz competição com outra coisa. Metonímia não, ela se dá conta dos detalhes, presta atenção, nota aquilo que nem todo mundo vê. Muito mais poético conhecer os pedacinhos que ter em mente sempre outra coisa para acompanhar.

Olhou o relógio e assustou-se com a hora. Desligou o computador, interrompendo esse processo de semiose infinita. Guardou os pertences dentro da bolsa e saiu em rumo à cantina da faculdade. Felizmente, logo avistou o namorado e os amigos sentados em bancos numa roda. Largou a bolsa e sentou ao lado do namorado, na pontinha do banco e curvada pra frente, como lhe era de costume. 

- Oi amor. 

- Oi. – Ela respondeu, tendo que se virar pra trás pra olhar nos olhos do namorado. 

- Sabia que você sempre encosta o queixo no ombro quando olha pra trás? 

-Sério? 

-Unhum, eu acho isso um charme. Amo quando você faz isso.

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